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Que eu me lembre era assim

CINE JARINU


Na segunda metade do século 19, fugindo da fome, muitos italianos migraram para o Brasil, vinham para substituir a mão de obra escrava, principalmente na lavoura do café, desses italianos, muitos vieram para a Região de Jundiaí e Itatiba e outros tantos acabaram vindo para Jarinu. Visando manter uma relação amigável entre os membros da colônia, fundaram a Sociedade Italiana de Mutuo Socorro, e construíram sua sede na Rua Independência, 158.

No local grifado, onde funcionou o Cine Jarinu, hoje funciona o Varejão das Fábricas.
No local grifado, onde funcionou o Cine Jarinu, hoje funciona o Varejão das Fábricas.

Não sei a razão da desativação da Sociedade Italiana de Mutuo Socorro, mas ela foi desativada e doou seu patrimônio para a Paróquia de Nossa Senhora do Carmo de Jarinu, assim a Igreja passou a ser a proprietária do salão onde outrora funcionava a sede da sociedade da colônia italiana.

Desde que me conheço por gente, esse salão foi alugado pela paróquia ao Jarinu F.C., que tinha ali a sua sede social, realizando carnavais anuais e alguns bailes esporádicos. Aos sábados que não tinham bailes, e eram muito mais sábados sem bailes do que sábados com bailes, funcionava no salão uma sala de cinema.

Eram operadores cinematográficos, desde que me lembro, o Luis Mecânico (Luiz Domingues Ruiz) pai do Zé Luiz Domingues, o Erasmo Sapateiro (Erasmo Tuon) ou o Pedro Pelacani, pai da Tchiquilinho, do Zé Martinho do Pelacani e do Vicente.

Normalmente os filmes que eram enviados para serem exibidos, já eram cópias bem rodadas que acabavam apresentando alguns defeitos durante a exibição, defeitos estes que os operadores se esforçavam para corrigir rapidamente, mas, mesmo assim o filme era interrompido, algumas vezes.

Talvez pela relação do salão com a paróquia, ou mesmo pela tradição católica e cristã do nosso povo, grande parte dos filmes tinham conotação religiosa. Lembro-me que o Filme “O Manto Sagrado” com Victor Mature, era exibido todos os sábados de Aleluia.

Em 1964, o Jarinu F.C. comprou do São João Futebol clube de Jundiaí, poltronas próprias para salas de cinema, dizem, não sei se é verdade que antes disso, cada um levava sua cadeira de casa, já que o salão não possuía cadeiras suficientes, e que minutos antes do início da projeção, os interessados em assistir ao filme em cartaz, pareciam um bando de saúve em correição, só que em vez de carregarem folhas, carregavam suas cadeiras. Mas o importante era assistir aos filmes.

Antes do Filme, era exibido um Telejornal chamado Canal 100, que trazia algumas notícias bem velhas e surradas e alguns lances de um clássico do futebol nacional. Terminado o Jornal passava um seriado com o Flash Gordon. Eram somente alguns minutinhos, mas quem não voltasse na próxima sessão, perderia a sequência do seriado.

Em dias de bailes, as poltronas eram recolhidas e amontados na portaria e em uma cobertura anexa, fechada com varas de bambu.  O bar do salão era na parte interna, para quem entrava no salão, do lado direito, ficava a portaria e a bilheteria, e do lado esquerdo o bar, que nessa época já era comandado pelo Mauricio (José Mauricio Casarin), mas como o churrasco fazia muita fumaça, uma churrasqueira era improvisada, nessa cobertura, onde o Mané Perini, se encarregava de fornecer churrasco e cachorro quente.

No começo dos anos de 1970 o cine Jarinu foi desativado, talvez por influência da televisão, talvez porque os filmes fossem antigos e em Jundiai passavam os lançamentos, o fato é que o cinema deixou de funcionar.

E na segunda metade década de 1970, o Jarinu F.C., construiu sua sede social, e devolveu o salão para a Paróquia.

Com o salão desocupado, o Gilberto Ferrara locou e estabeleceu ali o primeiro supermercado de Jarinu. O Supermercado Mirage Ltda.

Antes disso por volta de 1970, foi construído no terreno contiguo, um salão que era para ser a sede da Banda 17 de Abril, alguns anos depois a banda foi desativada, e depois reativada novamente desta vez com a Banda Filarmônica 17 de Abril, mas, aí a tia Nilza já estava estabelecida no local com seu restaurante. O Restaurante da tia Nilza, que é da Rosangela e da Mara também.

Essa é a história do salão da forma que eu me lembro, com certeza houve histórias, anteriormente ao meu período de existência e é natural que tenha história depois desse pequeno relato.

Sempre lembrando que não tenho documentos que comprovem nada do que foi escrito, escrevi do jeito que eu me lembro.

Texto de Osmar Lorencini
Texto de Osmar Lorencini

 

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